A Negligência Científica no Brasil, Entre Injustiças e Desafios


O Brasil é um país marcado por injustiças, especialmente no campo das ciências. Em novembro de 2019, a revista Galileu divulgou uma lista dos pesquisadores que mais se destacaram na década de 2010. Entre os 21 brasileiros mencionados, provenientes de várias universidades e diversas áreas de pesquisa, destacam-se estudos sobre a doença mais recente do século, o Coronavírus, que devastou milhares de vidas no Brasil. Vale ressaltar que esses pesquisadores estão entre os mais de seis mil escolhidos entre universidades de renome, como as dos Estados Unidos e Inglaterra.

Mas será que o Brasil reconhece esses valores tão importantes, que podem salvar vidas? Não há uma resposta concreta, pois o que mais se destaca no cotidiano são notícias sobre a diminuição de recursos financeiros destinados à ciência e à educação. É diante dos problemas ambientais que se percebe a importância da ciência e, consequentemente, a necessidade de investir em pesquisas para ampliar o conhecimento científico.

A falta de reconhecimento na ciência teve um reflexo grave entre setembro do ano passado e maio do corrente, quando o governador do Rio Grande do Sul ignorou os sinais de alerta sobre as mudanças climáticas que poderiam atingir o estado, alegando que "o Rio Grande do Sul tem outras pautas mais importantes". Após o desastre, quando questionado pela imprensa, ele se justificou como se a vida das pessoas não tivesse significado, utilizando eufemismos para minimizar as críticas. Será que já pode chamá-lo de negacionista?

Talvez o mandatário do Rio Grande do Sul não saiba, ou tenha esquecido, que a ciência pode salvar vidas. Foi assim na metade do século XX, com cientistas como Vital Brazil, médico imunologista que descobriu a especificidade do soro antiofídico em 1898; Carlos Chagas, médico sanitarista que identificou a Doença de Chagas em 1909; Maurício Rocha e Silva, farmacologista que descobriu a bradicinina em 1949, contribuindo para o controle da pressão arterial; e Marcos dos Mares Guia, bioquímico que desenvolveu a insulina humana recombinante em 1990. O sucesso desses homens só foi possível graças ao empenho de gestores comprometidos com a saúde pública.

    Quando os militares tomaram o poder, a ciência entrou em decadência no Brasil, prejudicando novos conhecimentos. Centenas de pesquisadores foram perseguidos e forçados a deixar o país. Décadas se passaram desde o retorno da democracia, mas a credibilidade das pesquisas ainda não foi plenamente restabelecida em todas as áreas. Infelizmente, o uso de dinheiro público em pautas como viagens, fundo partidário e compras diversas parece ter mais prioridade.

    À medida que os anos passam e os gestores mudam, a crença de que o estado é confiável está cada vez mais distante. A ingenuidade do eleitorado continua a aumentar, e a política parece ser composta pelos piores indivíduos. O livro "O Caminho da Servidão" explica não apenas a impossibilidade do estado ser confiável, mas de realizar esse desejo, mostrando a razão pela qual a política é preenchida sempre pelas pessoas menos aptas à administração do Estado.

 

 

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