O tempo voa, mas as memórias ficam: uma homenagem ao legado da Escola Estadual Comendador José da Silva Peixoto

 


O tempo voa, mas as memórias ficam: uma homenagem ao legado da Escola Estadual Comendador José da Silva Peixoto

O tempo não espera por ninguém. É implacável e constante, deixando para trás apenas as marcas que o ser humano se esforça para registrar, seja por palavras, fotografias ou construções. Como dizem, "os registros escritos e mecânicos fazem lembrar a história para os contemporâneos". Essa é uma reflexão pertinente quando se trata de Penedo, a histórica cidade alagoana que tanto contribuiu para o cenário nacional e permanece um tesouro para as gerações presentes e futuras.

Penedo, que já fez brilhar os olhos de um imperador e foi cenário para figuras como Getúlio Vargas, Lucy Geisel e ministros de renome como Saraiva Guerreiro e Luciano Costa, guarda um brilho peculiar. "Penedo deve ser incluída em qualquer roteiro de bom gosto", disse alguém certa vez, e não há dúvida sobre isso.

É nesse rico contexto que se destaca a Escola Estadual Comendador José da Silva Peixoto, um marco na educação da região do Baixo São Francisco. Fundada em 30 de outubro de 1934, inicialmente como Escola Normal de Penedo, a instituição atravessou décadas de transformações, ganhando o nome atual em homenagem a um ilustre penedense.

Ao longo de seus 90 anos, o colégio tornou-se uma referência na formação de gerações. Sua história é também a história de Penedo, com suas salas de aula transbordando de alunos e sonhos. No início da década de 1999, um jovem professor de química recebeu ali sua primeira oportunidade, encaminhado pela 9ª Coordenadoria de Ensino. Ainda em formação, enfrentou o desafio de se juntar a um time de educadores notáveis como os professores Gilberto Gonçalves (in memoriam), Valdi Fernandes, Almira, entre tantos.

O colégio, com suas inúmeras turmas identificadas por letras e números, não era apenas um espaço de ensino, mas um cenário de desafios e conquistas. Foi ali que o jovem professor consolidou seu sonho de se tornar funcionário público de carreira, ocupando mais tarde o cargo de diretor adjunto, um dos momentos mais marcantes de sua trajetória. Seu nome, Carlos Alberto Santana Eloy.

Hoje, a Escola Estadual Comendador José da Silva Peixoto é um símbolo de resistência e qualidade, celebrando nove décadas de contribuições inestimáveis para a educação alagoana. Em suas salas, ecoam as vozes de professores e alunos que ajudaram a moldar não só profissionais, mas também cidadãos que levam consigo o orgulho de ter passado por um dos maiores colégios do estado.

A história da escola, como a de Penedo, é uma lembrança viva de que, embora o tempo passe, há marcos que resistem, gravados na memória de quem os viveu e nos registros que mantêm sua essência para as próximas gerações.

Parabéns, Escola Estadual Comendador José da Silva Peixoto.

 


"Professor Deno: O Mestre das Trilhas e da Simplicidade"

 


"Professor Deno: O Mestre das Trilhas e da Simplicidade"

        Hoje é um dia especial, reservado para homenagear a profissão que está na base de todas as outras. Sem o trabalho de um professor, nenhuma outra carreira seria possível. Como disse Machado de Assis, “O professor é o pai intelectual do discípulo.” E neste dia de celebração, parabenizo todos os professores, incluindo a mim, com orgulho e gratidão.

Quero dedicar um momento para homenagear um professor em particular. Ele não foi meu professor, nunca assisti a uma aula sua, mesmo quando trabalhamos juntos. No entanto, sua simplicidade e espírito livre sempre me chamaram a atenção. Esse professor é Adenilson, mas todos o conhecem como Deno.

Deno e eu compartilhamos o mesmo ambiente de trabalho na Escola Estadual Comendador José da Silva Peixoto, em Penedo, Alagoas. Há muitas memórias que guardo dele, mas algumas são inesquecíveis. Como não lembrar de Deno chegando à escola montado em seu cavalo, um chapéu de palha de aba larga na cabeça, parecendo saído de outra época. Ele amarrava o cavalo em uma árvore em frente à escola, sem se preocupar com os olhares curiosos ou as brincadeiras dos alunos. Com uma serenidade inabalável, pegava suas cadernetas e seguia para a sala de aula, quase sempre em silêncio.

Deno era um enigma para muitos. Pouco interagia nos intervalos, e algumas de suas reações às brincadeiras eram imprevisíveis. Uma vez, só de saudá-lo com um "bom dia", eu sabia que iria arrancar dele um olhar intrigado e uma resmungada. Mas era assim que ele era: autêntico, sem máscaras.

Formado em História pela Universidade Federal de Sergipe, Deno é muito mais do que aparenta. Funcionário público de sucesso, ele escolheu a vida simples, perto de casa e das pessoas que ama. Embora criticado por alguns que não o compreendem, ele é profundamente respeitado por aqueles que o conhecem de verdade. Ele não se encaixa nos moldes comuns, e talvez seja por isso que sua presença é tão marcante.

Com sua barba e cabelos que lembram um hippie ou cigano, Deno é estiloso à sua maneira, sem precisar de luxo. Ele vive de forma simples e autêntica. Uma das memórias que mais me marcou foi quando o convidei para meu aniversário em Piaçabuçu. No dia seguinte, ele cumpriu sua promessa de voltar cedo para ajudar a terminar a cerveja, mesmo após uma corrida de 25 km entre Penedo e Piaçabuçu. Ele chegou às 7h da manhã, exausto, mas fiel à palavra. O coração dele reclamava do esforço, mas ali estava ele, firme como sempre.

Deno foi quem me introduziu no mundo das trilhas de bicicleta. Percorremos juntos muitos caminhos. Ele é um verdadeiro mestre das trilhas, conhecendo cada rota, cada detalhe. Suas trilhas têm nomes que despertam o imaginário: "Trilha do Lobisomem", realizada nas noites de lua cheia e passando por sete cemitérios; "Circuito das Feras", uma travessia entre as feiras regionais de Alagoas e Sergipe; e a mais icônica de todas, "Caminhos do Imperador", que refaz o percurso histórico de Dom Pedro II entre Penedo e Paulo Afonso. Amanhã, 16 de outubro de 2024, será a oitava vez que essa trilha será feita, exatamente no mesmo dia em que o imperador iniciou sua jornada pelo Rio São Francisco.

Deno, com sua alma livre e seu espírito incansável, transforma cada trilha em uma experiência única, cheia de histórias e desafios. As trilhas que ele traça nos levam a enfrentar o sol abrasador, com temperaturas que podem chegar a 50°C, mas a recompensa é imensa: paisagens de tirar o fôlego e a sensação de ter conquistado algo grandioso.

Hoje, neste Dia dos Professores, quero homenagear Deno e todos aqueles que, como ele, fazem a diferença não apenas em sala de aula, mas também na vida de cada pessoa que têm a oportunidade de conhecer.

Parabéns, Deno! Feliz Dia dos Professores!


Do “Homem da Malária” à Modernidade: Memórias e Reflexões sobre a Saúde no Interior

 

Do “Homem da Malária” à Modernidade: Memórias e Reflexões sobre a Saúde no Interior

Eu era criança na década de 1960 e adolescente até meados da década de 1970. Sobrevivi ao período dos "homens da malária", aqueles agentes de saúde que percorriam as poucas residências na zona rural onde eu morava. Esses homens, contratados pelo governo federal, tinham como objetivo amenizar os impactos na saúde que alarmavam a comunidade. Eles chegavam montados a cavalo ou a pé, corajosos e dedicados, pois o trabalho era árduo. Realizavam tarefas que hoje são desempenhadas por agentes de endemias e laboratórios de patologia; como exemplo, a coleta de sangue e fezes que eram levadas para análise no laboratório do Fundação SESP, o único da região, cujos resultados demoravam mais de um mês para serem entregues. Quando finalmente retornavam com os exames, suas sacolas amarelas estavam repletas de medicamentos que curavam ou amenizavam doenças graves, como esquistossomose, lombriga e doença de Chagas, entre outras.

Como resultado, os“homens da malária” eram considerados o terror das crianças e das donas de casa. Minha mãe era uma dessas donas de casa que detestava a visita deles à nossa humilde residência. Quando eles chegavam, era preciso desmontar todo o mobiliário e colocá-lo para fora, pois a necessidade de dedetizar o ambiente para prevenir contra o besouro da doença de Chagas se tornava obrigatório, às vezes minha mãe alegava que estava doente para não deixar os homens fazerem seu trabalho; quase 100% das residências eram de taipa. Após a dedetização, éramos obrigados a esperar cerca de dez horas para montar os móveis, que não eram muitos: uma mesa, quatro cadeiras, uma cristaleira e as camas com colchões de palha de arroz. Naturalmente o veneno utilizado na dedetização trazia benefícios, mas provocava reações indesejáveis e desconhecidas. Por essa razão, minha mãe detestava, enquanto eu e meus irmãos procurávamos nos esconder para não termos que furar o dedo.

Era uma época difícil, sem médicos e sem água tratada. A água da cacimba era compartilhada com larvas de mosquito, sapos e outros insetos que ao caírem dentro não conseguiam sair. De acordo com as necessidades, os moradores buscavam resolver, utilizando técnicas de tratamento de misturas de substâncias, como a filtração e a densidade, utilizando a pedra hume que ajudava na separação. Como sempre, as crianças eram as mais prejudicadas. Lembro-me das vacinas; uma delas era aplicada com uma pistola, onde uma única agulha servia a todos. Seguramente, a escola passou a fazer parte da prevenção, a disciplina de ciências dava uma luz sobre os perigos que nos rodeavam e os males que causavam danos à saúde. Foi na década de 1970 que começou a surgir o uso obrigatório do vaso sanitário distribuído pelo Fundação SESP, uma mudança de hábito que podia evitar o contato de pessoas saudáveis com fezes de pessoas contaminadas por esquistossomose, uma doença derivada do caramujo que provocava a famosa barriga d’água, uma doença incurável.

Naturalmente que, apesar dos benefícios que os “homens da malária” traziam, eu ainda os via como monstros que maltratavam as crianças por conta da dolorosa furada no dedo. Na ausência dos médicos, minha mãe era uma assistente de saúde competente, muitas vezes tirava seus filhos de grandes dificuldades, utilizando a profilaxia ensinada por seus descendentes. A dor de barriga era curada com elixir paregórico, e o óleo doce era utilizado para limpar o intestino e evitar lombrigas, que muitas vezes apareciam em tamanhos gigantes. Até o fumo de corda vendido na feira ajudava em algum problema de saúde. Certa vez, quando estava na escola, tive uma dor muito forte na barriga, e minha mãe utilizou o fumo de corda para ajudar a amenizar a dor. Ela abafava a fumaça com um cobertor em minha barriga e complementava massageando com a saliva após mascar a folha do tabaco. Essa dor me rendeu um dia envergado. O segredo no tratamento utilizado por minha mãe até hoje desconheço.

Diante das dificuldades e do medo, as noites se tornavam agradáveis. A casa de meus avós, que ficava perto, era um refúgio nas noites de lua cheia. O terreiro de areia e uma esteira de junco serviam como palco para ouvir as histórias de minha avó e bisavó. Minha bisavó era uma senhora baixa, de cor preta, cabelo preto e mantido a base do óleo de coco, os olhos pretos e cansados, suas pernas já não a mantinham por muito tempo em pé, parecia ter passado pela senzala, pois sua idade avançada proporciona a todos muito do conhecimento comum. Morava na cidade, mas fazia a festa dos bisnetos quando passava uns dias com sua filha, minha avó materna. Ela tinha uma experiência impressionante e sabia de tudo um pouco. Contando suas histórias, inflamava seu cachimbo de fumo de rolo, picado por ela, à medida que dava uma tragadas me deixavam curioso, pois o cheiro da fumaça era muito bom, o que fazia com que ela dividisse comigo, mas sempre me alertava: "Você vai ficar bêbado." Sua sabedoria era confirmada quando eu começava a sentir náuseas e a perder o equilíbrio, mas, de repente, passava. A sabedoria dela me curava com a minha própria saliva atrás das orelhas. Incrível como a cura era rápida.

Assim era a vida no interior, dependente de curandeiros e rezadeiras. Osso quebrado, dor de barriga, dor de cabeça, bicho de pé, barriga inchada eram doenças comuns para um grupo de pessoas que não tinham os mesmos direitos daqueles que moravam nos grandes centros. Crianças como eu acordava com os apelos de papai para ajudar a pescar camarão e peixe para ajudar na alimentação, realizado duas vezes por dia: uma na parte da tarde para colocar a isca e outra na manhã seguinte para despescar as armadilhas chamadas de covo. Não havia chuva nem sol que impedisse essa prática, pois as necessidades financeiras ajudavam a aproveitar as abundâncias que o inverno proporcionava.

Todavia, as crianças e adolescentes tem uma visão de mundo diferente de seus pais, e a minha não era diferente. Sempre atraído pelos serviços da roça e pelos cuidados com os irmãos mais novos, eu era obrigado a acordar cedo para ajudar meu pai ou ir para a escola. Isso me tirava um pouco da obediência, mas meu "psicólogo" eram os gritos de minha mãe, às vezes acompanhados de um cinturão de couro, e meu "Rivotril" era o jogo de bola nas várzeas perto da casa de um tio. Visitar a cidade, só nas sextas-feiras era possível; esse dia tinha exclusividade; dia de pagamento para aqueles que trabalhavam de aluguel e faziam as compras dos alimentos essenciais para a sobrevivência, nada de coisas supérfluas.

Na década de 2020, os “homens da malária” já não existem mais. A Fundação SESP foi municipalizada, e o governo federal passou a ser apenas um mero repassador de recursos para os municípios cuidarem da saúde pública. Os tempos mudaram, e as profilaxias do passado realizadas com medicamentos caseiros deram lugar aos medicamentos industrializados com efeitos mais rápidos. A era tecnológica passou a ter um papel fundamental no aumento da perspectiva de vida das pessoas. O feminismo tomou conta dos quatro cantos do mundo, e a defesa do aborto é um tema amplamente debatido pelos progressistas. Novas doenças surgiram, e as pessoas foram obrigadas a ficar presas em suas casas. A profilaxia realizada por profissionais da saúde foi proibida por homens que talvez nunca se deram ao luxo de ouvir especialistas no assunto.

Catástrofes vêm acontecendo com mais frequência. Existe um grupo que fala em catástrofe ambiental, mas há os que dizem que é catástrofe humana, pois os homens que gerem os municípios, os estados e o país não estão dando a mínima atenção para o caos em que as cidades se tornaram por conta do progresso. Guerras entre irmãos surgem a cada dia no mundo, enquanto as dificuldades de sentar à mesa para encontrar uma solução ficam cada vez mais difíceis. Pais já não cuidam mais de seus filhos e jogam para a escola a responsabilidade da ética educacional.

Raquel de Queiroz, em sua crônica “Gente Demais”, diz: “quem sabe os males do mundo não decorrem do fato de, neste mesmo mundo, estar havendo gente demais(...) E como tem conosco o compromisso de nos permitir o livre-arbítrio, deixa que a poda a façamos nós mesmos”. Será que a autora faz um prenúncio do que pode ocorrer no futuro?

 


Redefinindo a Saúde: A Corrente O ELO e a Jornada para Hábitos Saudáveis

 


A psicóloga e terapeuta Zildinha Sequeira escreveu em seu site: "Até algum tempo atrás, acreditava-se que, para ter saúde, bastava não estar doente. Hoje, sabemos que saúde é muito mais do que isso; 'é um estado completo de bem-estar físico, mental, social e espiritual' (definição usada pela Organização Mundial de Saúde - OMS). A saúde inclui o modo como se vive e a maneira como se lida com as circunstâncias do dia a dia. Para se ter saúde, de fato, é preciso se empenhar em buscar o equilíbrio físico e mental".

Ou seja, a autora destaca a evolução da percepção do que significa estar saudável, indicando que a simples ausência de doença não é suficiente. É importante compreender que a saúde está diretamente ligada ao modo de vida e, consequentemente, ao estado psicológico de cada pessoa.

Foi nessa perspectiva que surgiu a corrente denominada O ELO, criada pelos professores Cielle Moraes e Max Fernandes. Cielle, ligada à área de educação física, desenvolve suas atividades no box de sua propriedade, atendendo pessoas de todas as idades. Max, por sua vez, está intimamente ligado às ciências humanas e leciona em escolas particulares na cidade de Penedo, Alagoas.

No dia 28/04/2024, os dois profissionais se destacaram ao fazer uma apresentação sobre suas percepções de como ter hábitos saudáveis que possam levar as pessoas a uma perspectiva de vida que ultrapasse os limites da ociosidade, sem a necessidade de muitos recursos. Na presença de um grupo seleto de pessoas na Casa da Aposentadoria, eles mostraram com muita segurança que, para adotar hábitos saudáveis, não é necessário ser jovem. Cada um dos profissionais demonstrou suas percepções baseadas em seis pilares importantes.

O caminho para o autodesenvolvimento é uma jornada complexa que envolve vários fatores psicológicos e comportamentais. Entre esses, foram destacados três pilares: dopamina, motivação e hábitos. Max explorou como esses pilares interagem e superam obstáculos comuns, como os empecilhos que impedem os objetivos para alcançar uma vida plena e satisfatória.

Para começar, Max explicou como o "motor do prazer" e da recompensa é crucial nos circuitos do cérebro. Por exemplo, ao realizar atividades físicas adaptadas ao corpo, os níveis de dopamina aumentam, criando uma sensação de prazer. Esse mecanismo pode formar hábitos que tendem a ser desenvolvidos regularmente, o que pode ser o início de hábitos saudáveis. O segundo pilar, na percepção de Max, é a “chama interna”, ou seja, a motivação, que pode direcionar para o objetivo que se quer alcançar. É importante entender a relação íntima entre esses dois pilares, pois um encoraja o outro. Para finalizar, Max deixou claro que o hábito, que se refere ao terceiro pilar, é uma repetição regular de ações sem uma exigência de grande força mental, ou seja, quando não é realizado, sente-se falta. Assim, esses três pilares demonstram que não é necessário ter uma determinada idade para adotar um estilo de vida saudável.

Na sequência, Cielle explicitou a razão do cérebro não corresponder às necessidades fisiológicas que podem levar a uma vida saudável. A programação sabotadora é um dos pilares negativos. Segundo ela, é a principal razão que impede o progresso do desenvolvimento da autoestima. "Eu não posso" seria o segundo pilar negativo, que dificulta o início de qualquer atividade que possa ser o primeiro passo ao encontro do "motor do prazer." "Eu mereço", esse sim, pode ser o principal pilar para a direção da mudança e encontro dos principais pilares, que são: dopamina, motivação e hábito.

No jogo do "Eu não posso vs. Eu mereço", deve-se ter cuidado com os entornos negativos que podem ser criados e impedir o progresso das mudanças de bons hábitos. Adotar contrastes que possam melhorar a mentalidade e transformar as perspectivas para novos caminhos, disse Cielle.

Certamente, os candidatos às mudanças devem ter cuidado nas escolhas, pois são elas que irão levar a identificar os pensamentos que prejudicam o início de um bom começo.

A psicóloga Zildinha Sequeira destaca a evolução da definição de saúde, que hoje é entendida como um estado completo de bem-estar físico, mental, social e espiritual. Nesse contexto, a corrente O ELO, criada pelos professores Cielle Moraes e Max Fernandes, promove hábitos saudáveis baseados nos pilares da dopamina, motivação e hábitos. Ambos demonstraram que a adoção de um estilo de vida saudável é possível em qualquer idade, abordando também os obstáculos psicológicos, como a programação sabotadora e crenças limitantes. Eles enfatizam a importância de superar pensamentos negativos e adotar uma mentalidade que favoreça o autodesenvolvimento e a transformação pessoal. Os dois disponibilizam mentoria que podem ajudar adquirir os principais pilares da autoestima.

 

Robin Hood e a Política Contemporânea: Uma Reflexão sobre Justiça Social e Compromisso Político em Penedo


        Robin Hood viveu na Inglaterra medieval e se tornou um fora-da-lei revoltado com a política do Rei Ricardo Coração de Leão, que cobrava altos impostos dos seus súditos. Indignado com essas injustiças, Robin Hood formou um grupo de pessoas de sua confiança, incluindo um padre que ajudava a planejar suas ações. Juntos, eles sequestravam recursos dos ricos e os distribuíam aos pobres necessitados, que sofriam não apenas com o trabalho forçado, mas também com as exigências violentas dos cobradores de impostos. Eventualmente, Robin Hood se tornou um símbolo na luta dos pobres contra uma sociedade arbitrariamente dividida em classes sociais.

Conhecido como Robin Hood, ele não se tornou apenas um ícone na luta contra o rei, mas também uma defesa para os pobres da Inglaterra medieval. Sua fama chegou a outros continentes através de livros e filmes. Na década de 1970, os jovens vibravam com suas ações nas fitas que revelavam suas façanhas. Além de ser habilidoso em subtrair dos ricos, ele era um excelente arqueiro, com o arco e flecha sendo sua arma favorita, e um bom espadachim que desafiava a autoridade de sua majestade. Claro, existem controvérsias a respeito dessa lenda.

Surpreendentemente, em um programa de rádio da cidade de Penedo, em Alagoas, foi debatida a problemática do vice-prefeito que recentemente abandonou as ideologias partidárias que o elegeram junto com o prefeito atual. Atualmente, o vice-prefeito, que se declarou pré-candidato a vereador, está apoiando o ex-prefeito, que é um forte candidato e com três eleições vitoriosas. Inesperadamente, um ouvinte do programa, agindo pela emoção do conteúdo em pauta, perguntou: “Já que o vice-prefeito deixou para trás o compromisso de continuar ajudando o grupo que o elegeu, então, é mais justo que ele abra mão do salário que recebe, já que não está mais trabalhando”.

Ora, apesar da emoção do ouvinte, a ideia é interessante, pois o município economizaria nos oito meses que faltam para terminar a gestão, um montante significativo que poderia ser aplicado em áreas mais importantes. Conforme o programa avançava, o debate se acirrou entre os âncoras. “Acredito que o vice-prefeito vai acatar a sugestão do ouvinte”, ressaltou um dos âncoras. “Ah, jamais aceitará”, rebateu o outro. E como no campo das ideias os debates se tornam prolongados, o âncora, conhecedor assíduo da vida política do vice-prefeito e pré-candidato a vereador, foi mais além: “Ele vai largar o cargo. Pelo que conheço de seus atos políticos, ele não liga para dinheiro. E vou mais longe: caso não peça exoneração, ele deveria, no final de cada mês, sacar seus honorários e, na porta da Caixa Econômica, jogar o dinheiro para o alto, fazendo a festa do povo que por ali passasse”.

Seria um gesto magnífico, pois faria ressurgir um novo Robin Hood, dentro da lei, já que os valores devolvidos ao povo não trariam problemas com o rei, porque seria uma doação do próprio bolso. Embora esses vencimentos sejam consequência da arrecadação de impostos exorbitantes, que é uma exigência do governo federal. Ao ser aclamado como o novo Robin Hood, ele abandonaria a fama de “Judas, o traidor”, aquele da contemporaneidade que pula de galhos partidários a cada eleição com “beijos” nas faces dos que são mais convenientes para angariar vantagens e se manter no poder.

Talvez as exaltações dos âncoras do programa na Mira do Canhão, que tem Antônio Kão, como organizador das carrapetas, estejam enganados, pois o atual vice-prefeito e pré-candidato a vereador não é louco ao ponto de largar seu salário ou jogá-lo para o alto, no intuito de agradar aqueles que gostam de promessas vazias e têm um nível intelectual insuficiente para distinguir joio do trigo. Não se pode comparar as ações de Robin Hood que, mesmo sendo um fora da lei, às dos "políticos" contemporâneos, seria assassinar a reputação daquele que, mesmo sendo uma lenda, acreditava na luta por justiça social. Entretanto, se ele quisesse se tornar um salvador da pátria, encontraria problemas com a justiça eleitoral, pois uma possível ação desse tipo caracterizaria compras de votos.

Penedo, em Alagoas, já tem 380 anos. Esteve entre as cidades promissoras em economia e já foi vista como o local adequado para a instalação da capital da província. Hoje, arrasta-se na humilhação de sobreviver aos repasses do governo federal. É uma triste realidade, e essa responsabilidade deve-se aos “políticos” descompromissados com a realidade do seu povo, mas comprometidos com a falta de ética e com picuinhas nas caladas da noite.

A Negligência Científica no Brasil, Entre Injustiças e Desafios


O Brasil é um país marcado por injustiças, especialmente no campo das ciências. Em novembro de 2019, a revista Galileu divulgou uma lista dos pesquisadores que mais se destacaram na década de 2010. Entre os 21 brasileiros mencionados, provenientes de várias universidades e diversas áreas de pesquisa, destacam-se estudos sobre a doença mais recente do século, o Coronavírus, que devastou milhares de vidas no Brasil. Vale ressaltar que esses pesquisadores estão entre os mais de seis mil escolhidos entre universidades de renome, como as dos Estados Unidos e Inglaterra.

Mas será que o Brasil reconhece esses valores tão importantes, que podem salvar vidas? Não há uma resposta concreta, pois o que mais se destaca no cotidiano são notícias sobre a diminuição de recursos financeiros destinados à ciência e à educação. É diante dos problemas ambientais que se percebe a importância da ciência e, consequentemente, a necessidade de investir em pesquisas para ampliar o conhecimento científico.

A falta de reconhecimento na ciência teve um reflexo grave entre setembro do ano passado e maio do corrente, quando o governador do Rio Grande do Sul ignorou os sinais de alerta sobre as mudanças climáticas que poderiam atingir o estado, alegando que "o Rio Grande do Sul tem outras pautas mais importantes". Após o desastre, quando questionado pela imprensa, ele se justificou como se a vida das pessoas não tivesse significado, utilizando eufemismos para minimizar as críticas. Será que já pode chamá-lo de negacionista?

Talvez o mandatário do Rio Grande do Sul não saiba, ou tenha esquecido, que a ciência pode salvar vidas. Foi assim na metade do século XX, com cientistas como Vital Brazil, médico imunologista que descobriu a especificidade do soro antiofídico em 1898; Carlos Chagas, médico sanitarista que identificou a Doença de Chagas em 1909; Maurício Rocha e Silva, farmacologista que descobriu a bradicinina em 1949, contribuindo para o controle da pressão arterial; e Marcos dos Mares Guia, bioquímico que desenvolveu a insulina humana recombinante em 1990. O sucesso desses homens só foi possível graças ao empenho de gestores comprometidos com a saúde pública.

    Quando os militares tomaram o poder, a ciência entrou em decadência no Brasil, prejudicando novos conhecimentos. Centenas de pesquisadores foram perseguidos e forçados a deixar o país. Décadas se passaram desde o retorno da democracia, mas a credibilidade das pesquisas ainda não foi plenamente restabelecida em todas as áreas. Infelizmente, o uso de dinheiro público em pautas como viagens, fundo partidário e compras diversas parece ter mais prioridade.

    À medida que os anos passam e os gestores mudam, a crença de que o estado é confiável está cada vez mais distante. A ingenuidade do eleitorado continua a aumentar, e a política parece ser composta pelos piores indivíduos. O livro "O Caminho da Servidão" explica não apenas a impossibilidade do estado ser confiável, mas de realizar esse desejo, mostrando a razão pela qual a política é preenchida sempre pelas pessoas menos aptas à administração do Estado.

 

 

A Crise da Intelectualidade e o Sensacionalismo no Brasil Atual



A estupidez tomou conta do Brasil, mas a verdade é que sempre foi assim. Antes, não tínhamos os meios que temos hoje para fazer o povo entender o que realmente se passava. O problema é que agora tudo se tornou visível demais para não reclamar. Verdadeiramente, o povo passou a ser tratado como fantoche, dormindo e acordando ao som de programas de rádio que semeiam o sensacionalismo.

Hoje, 15 de maio de 2024, circulou um vídeo pela internet, onde um político de Coruripe, em Alagoas, reclama de outro da cidade de Penedo, no mesmo estado. Na atual conjuntura política, os dois estão no mesmo barco na campanha para prefeito. O que é isso, “companheiros” de pouca fé, onde estão suas ideologias partidárias? Permita-me dizer, o vídeo que circula não dá a certeza de ser verídico. A estupidez das pessoas em ser tomadas pelo sensacionalismo e pelas mentiras divulgadas por emissoras de rádio é imensa.

Outro vídeo foi divulgado mostrando pessoas em trabalho análogo à escravidão no estado do Espírito Santo. A divulgação teve um efeito sutil: a libertação dos trabalhadores. No entanto, certamente atrapalhou o andamento das investigações e, por conseguinte, a prisão dos responsáveis. Será que precisamos chegar ao fundo do poço para então encontrar o caminho da verdade? Olavo de Carvalho, em seu livro “O Imbecil Coletivo”, diz que “alguma coisa no cérebro de nossos intelectuais não vai bem[...]a alienação da nossa elite intelectual, arrebatada por modas e paixões que a impedem de enxergar as coisas mais óbvias”.

Admito que seja difícil não concordar com Olavo de Carvalho. Basta uma simples pesquisa para descobrir que muitos dos homens com cérebros notáveis tiveram que sair do Brasil para fazer sucesso com suas descobertas, como Santos Dumont. O que nos resta são pessoas fanáticas por paixões que levam à degradação da sociedade. Por consequência dessa estupidez coletiva, catástrofes acontecem e o povo paga por isso. Muitas dessas situações poderiam ser evitadas se cautelas fossem tomadas, pois certamente existem advertências pelos órgãos responsáveis.

No Brasil, essa falta de intelectualidade existe praticamente em todos os setores da sociedade. Por essa razão, nos deparamos com o “politicamente correto”. Basta observar o que falam algumas pessoas que nos governam. “A distribuição de alimentos, água e agasalho deve ser feita primeiro para os ciganos e quilombolas atingidos pelas chuvas no Rio Grande do Sul”. A fala de Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial, ecoa dentro da falta de intelectualidade coletiva, como se os brancos e pessoas ricas não fossem atingidas pela catástrofe, ou seja, não há razão para dividir o estado em um momento tão complexo.

Provavelmente, o Brasil precise passar por uma reforma política séria, onde a educação, que é o alicerce de qualquer pilar da sociedade, possa sofrer uma reforma significativa. As famílias devem assumir a responsabilidade de educar seus filhos, para que a escola possa completá-los e torná-los cidadãos. É preciso reformular as câmaras municipais, pois são elas que estão mais perto do povo, com pessoas que possam entender de política, educação, segurança e administração, e que tenham bom senso. O Brasil não pode continuar a ser um pária para o mundo.

 

Relembrando a Simplicidade e Ensinamentos da Vida no Interior

 


O desejo de muitas crianças contemporâneas é crescer e viver na cidade, onde têm acesso a todas as comodidades para seu desenvolvimento. No entanto, muitos, ao se tornarem adultos, acabam dependendo financeiramente dos pais, relutando em ingressar no mercado de trabalho, tanto dentro quanto fora da cidade onde residem. Isso os torna dependentes e os afasta da oportunidade de conhecer o mundo real. Infelizmente, é uma realidade observável. Essa falta de independência pode afetar suas habilidades de estímulo, raciocínio e visão de mundo, resultando em uma vida permeada por ilusões.

Recentemente, meu sonho se tornou realidade com a construção de uma nova residência no interior de Coruripe, Alagoas, com três quartos, sala, cozinha e uma área para relaxar em uma rede. Ao observar a vida das pessoas que moram ali, passei a enxergar a existência de forma diferente. Surpreendentemente, são felizes com o simples. Não necessitam de muito para sorrir, apenas do essencial para sobreviver. Uma mesa farta com alimentos que saciem a fome é o suficiente. Um exemplo é um morador de oitenta e quatro anos, que passa seus dias ativamente, cuidando de sua plantação, de seus animais e apreciando a natureza ao seu redor, sem queixas.

Minha ambição me afastou de minhas raízes por quase cinquenta anos, mas percebi a tempo que a qualidade de vida não requer excessos. Ao me deitar em minha rede na nova residência, sou inundado por lembranças de minha infância em um sítio no município de Piaçabuçu, Alagoas. Foi lá que aprendi sobre as necessidades básicas e a dureza da vida.

Enquanto fecho os olhos, ouço o vento balançando as palmeiras e as árvores, vejo a chuva escorrendo pelos telhados, e recordo os dias de chuva abundante que sustentavam a terra. Lembro-me de correr pelo terreiro da casa com meus irmãos, jogar bola na várzea e ajudar meu avô na ordenha das vacas. Tudo isso fazia parte de minha rotina simples, mas gratificante.

Recordo também meu avô, um habilidoso vaqueiro que desempenhava o papel de veterinário, realizando procedimentos nos animais com maestria. Sua expertise era essencial em um ambiente onde os recursos médicos eram escassos. Na ausência de um médico, recorria-se a curandeiros para tratar problemas de saúde.

Minha infância também foi marcada por brincadeiras inocentes, como a de vaqueiro, em que eu e meu irmão nos divertíamos montando nossos cavalos de pau. No entanto, houve momentos de travessuras, como quando experimentamos a cachaça do meu pai pela primeira vez, e quando marquei meu irmão com arame quente para simular as marcações que fazem nos animais, lembranças que guarda um misto de saudade e leve arrependimento.

Agora, à medida que me aproximo da aposentadoria, almejo retornar às minhas raízes de forma definitiva. Quero compartilhar minhas experiências com minhas netas, ensinando-lhes a valorizar a natureza e compreender que a verdadeira riqueza está em uma vida simples e plena. Como diz o ditado local, "A vida aqui só é ruim quando não chove no chão, mas se chover, há fartura para todos".


Entre Promessas Vazias e a Ausência de Integridade: Um Clamor por Consciência Política em Penedo

 


    Entre Promessas Vazias e a Ausência de Integridade: Um Clamor por Consciência Política em Penedo

    O jogo da persuasão e a ausência de integridade de certos políticos relegam o povo a um status de mero resíduo descartável, especialmente nos períodos que antecedem as eleições municipais em Penedo, Alagoas. Como resultado, resta à população apenas migalhas de promessas vazias e um coro de lamentações, fruto da falta de discernimento na escolha de seus representantes, negligenciando o uso do raciocínio crítico para discernir entre as falsas e verdadeiras promessas. Nesse contexto, as palavras perspicazes de Sócrates ecoam com urgência e relevância: "Deve-se evitar cometer uma injustiça mais do que sofrê-la; o homem deve buscar o bem, tanto público quanto privado, e não apenas aparentar sê-lo; devemos empregar a retórica apenas para propósitos justos, assim como buscar a integridade em nossas próprias ações, evitando tanto a lisonja pessoal quanto a dos outros."

    Anteriormente, as emissoras de rádio detinham o poder de comunicar e fornecer informações claras e precisas, contando com âncoras de elevado nível intelectual. No entanto, hoje, sua função se desvirtuou, contribuindo para a alienação do cidadão e promovendo sensacionalismo, tornando-os dependentes de favores para sua sobrevivência. Paralelamente, seus âncoras se tornaram dispensáveis para a sociedade, carentes da intelectualidade necessária para transmitir o conhecimento almejado pelo cidadão.

    Penedo, uma cidade histórica com mais de três séculos de existência, já foi lar de políticos com ética e representatividade notáveis, cujas palavras valiam mais do que qualquer documento. Figuras como Raimundo Marinho, Alcides Andrade e Hélio Lopes merecem respeito e serem lembrados em cada contexto político em Penedo, Alagoas. Esses homens exemplares não explorariam o infortúnio alheio para se promoverem politicamente; ao contrário, procurariam compartilhar as adversidades com as famílias afetadas. No entanto, o cenário político atual é marcado por indivíduos sem retórica verdadeira, facilmente manipulados por marqueteiros desonestos. Esses indivíduos necessitam de três elementos essenciais: prudência no comportamento, contenção na fala e um senso de responsabilidade moral. O povo não necessita mais de enganadores.




Turbulências Políticas: O Labirinto dos Partidos no Brasil.

 



              No Brasil, a questão sobre o número de partidos políticos registrados é um verdadeiro labirinto. Enquanto algumas fontes mencionam 35 agremiações, outras apontam para 29. No entanto, é o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que detém a autoridade final nesse aspecto. Contudo, essa proliferação partidária não é uma característica histórica do país, remontando aos tempos do Imperador Pedro I ou mesmo aos períodos de Getúlio Vargas e da ditadura. A explosão de partidos políticos começa a ganhar ímpeto após a promulgação da Constituição Federal de 1988, em seu Artigo 1º, Inciso V, que praticamente abre as comportas para o registro de quantos partidos desejarem, desde que apresentem uma bandeira como ideologia, ainda que muitas vezes essa ideologia seja mais um adereço de ocasião do que uma convicção genuína.

 

O discurso do pluralismo político, que preconiza a coexistência de diversas opiniões e ideias, soa louvável. No entanto, é difícil acreditar que num país com índices ainda preocupantes de analfabetismo, os interesses dos partidos sejam, de fato, as ideias. A predominância de interesses econômicos, especialmente visíveis na Câmara Federal, sugere que muitos partidos são criados com o objetivo de acessar uma fatia do fundo partidário ou dos orçamentos secretos trocados por aprovações que beneficie alguns dos poderes. A distribuição do tão desejado fundo segue a proporcionalidade do desempenho eleitoral prévio, isso mostra a real insignificância de alguns partidos. Esse sistema beneficia partidos mesmo sem representação significativa, como exemplificado pelo antigo Partido Trabalhista Cristão (PTC), que viu seus recursos crescerem substancialmente entre as eleições de 2022.

O fundo partidário, embora constitucional, é alvo de críticas contundentes. Num país onde uma parcela significativa da população depende de assistência para sobreviver e onde serviços essenciais como educação e saúde sofrem com a falta de recursos, destinar quase 5 bilhões de reais para financiar partidos políticos é um desvio de prioridades alarmante. A ausência de uma contribuição direta por parte dos filiados para a manutenção dos partidos, como ocorre com os sindicatos, agrava ainda mais essa situação, transferindo o ônus para o contribuinte que muitas vezes mal compreende os meandros da Constituição Federal.

Tensões entre Educação Ambiental e Desastre Ecológico: O Caso da Braskem em Alagoas

 



A Constituição Federal, em seu Artigo 225, inciso VI, estabelece a obrigação de promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e conscientizar o público sobre a preservação do meio ambiente. Embora a Braskem, anteriormente conhecida como Salgema, tenha desempenhado um papel significativo nesse sentido junto às escolas do estado e municípios de Alagoas durante a década de 2010, sua conduta recente reflete uma triste ironia. O ditado "faça o que mando, mas não faça o que faço" ganha relevância ao considerarmos que a empresa é agora responsável por um dos maiores desastres ecológicos já testemunhados na história do Brasil, possivelmente rivalizando com o desastre de Brumadinho em Minas Gerais em termos de impacto, inclusive com perda de vidas. Esta discrepância entre a educação ambiental nas escolas e a realidade da preservação ambiental expõe a lacuna entre o que é prescrito pela Constituição Federal e sua efetiva implementação. A falta de fiscalização adequada por parte das autoridades contribuiu para a tragédia, evidenciando que a simples promoção da educação ambiental não é suficiente sem medidas concretas de vigilância e aplicação da lei.

A ineficácia dos órgãos responsáveis pela fiscalização ambiental alimenta a percepção de que não há progresso sem destruição. Embora seja inegável que o progresso deva atender às necessidades do país, é igualmente fundamental que os reparos e precauções acompanhem esse processo de desenvolvimento. No caso da Braskem, surge a indagação sobre as razões pelas quais a empresa negligenciou reparos que poderiam ter evitado a catástrofe, mesmo diante dos alertas sobre o afundamento do solo emitidos pelos órgãos fiscalizadores. Além disso, questiona-se por que os órgãos fiscalizadores, investidos do poder de polícia, não interromperam as atividades da empresa. Enquanto isso, os bairros afetados enfrentam um futuro incerto, com milhares de residências abandonadas e famílias desalojadas.

Atualmente, a Braskem está empenhada em remediar os danos ambientais que causou. Caminhões carregados de areia são transportados do município de Feliz Deserto com o objetivo de preencher as cavidades deixadas pela extração do sal-gema, uma prática que perdurou por décadas. Contudo, resta a incerteza sobre o destino dos bairros afetados: serão reconstruídos e devolvidos às famílias sem qualquer compensação financeira, ou se transformarão em condomínios de luxo destinados às elites com alto poder aquisitivo? Essa dúvida paira sobre uma região marcada pelo privilégio, enquanto as comunidades afetadas aguardam uma resposta sobre seu futuro e sua segurança habitacional.

Memórias às Margens do Velho Chico

 


   

    Hoje, despertei envolto pelo tédio que se tornou uma companhia frequente nestes tempos de pandemia do Coronavírus. Decidi então agarrar uma das minhas fontes de escape favoritas, minha bicicleta speed, e partir sem rumo. Logo me vi guiado pela inércia até o destino que ansiava: Piaçabuçu, minha terra natal em Alagoas.

    Ao chegar lá, embarquei em um tour pela cidade antiga e acabei às margens do majestoso Rio São Francisco. Deixei minha bicicleta no cais, desci e me inclinei sobre seu parapeito, permitindo-me mergulhar na contemplação das belezas que por anos me foram tão familiares, mas que, por um capricho da visão, nunca antes havia percebido.

    Diante de mim, fluía um dos rios mais antigos e cativantes, e um dos mais importantes do Brasil: o Rio São Francisco. Remontando à descoberta em 1500, recordei a passagem ilustre de Dom Pedro II por suas águas. Vieram à mente também as histórias ancestrais das embarcações que o sulcaram e sua relevância econômica para os ribeirinhos.

    Absorto no cenário do cais, um filme de lembranças começou a se desenrolar em minha mente. Vi-me mergulhando naquele rio turbulento junto com os garotos da minha geração nos anos 70, uma época em que o São Francisco representava um perigo palpável para aqueles que se aventuravam em suas águas. Lembrei-me dos apelos angustiados de minha mãe, enquanto lavava roupas à beira do cais, implorando para que eu não me jogasse na correnteza e me afastasse, ignorando os riscos que ela poderia me levar para longe, dificultando qualquer tentativa de resgate.

    Esse devaneio foi interrompido pela chegada de duas pessoas pescando nas proximidades. Montei novamente em minha bicicleta, contornando o cais e observando as mudanças nas fachadas das antigas residências. A influência da nova arquitetura transformara o cenário familiar que eu conhecia em um passado distante. O mercado de carne e farinha desaparecera, dando lugar a uma loja de artesanato, e novas construções avançavam pelas margens do rio sem fiscalização, diminuindo a importância histórica do cais adjacente ao mercado.

    Mais lembranças sobre o rio vieram à tona. Recordações das cheias que inundavam a cidade, trazendo consigo uma abundância de alimentos, desde camarões até peixes como traíras, caborjes e piranhas. A água do rio era vida para os ribeirinhos, fornecendo não só alimento, mas também sustento.

    Continuando minha peregrinação, encontrei um velho colega de escola, José Rivaldo, conhecido por todos como Palerma, agora dedicado à pesca. Ao abordá-lo, seus olhos cansados pelo tempo se iluminaram ao me reconhecer.

    Ah, é o Carlos Alberto, não é? Estudamos juntos no Elio de Lemos, lembra?

    Apesar das décadas transcorridas desde nossos tempos de escola, fiz um esforço para recordar. Palerma, um nativo da região, compartilhou comigo sua visão sobre as mudanças no Rio São Francisco. Conhecendo bem a história do rio, ele concordou sobre a riqueza que outrora ele proporcionava, mas lamentou as dificuldades enfrentadas pelos pescadores nos dias atuais, especialmente com a escassez de peixes e os desafios impostos pelas regulamentações de pesca.

    As palavras de Palerma ecoaram em minha mente enquanto ele lamentava o desaparecimento da pilombeta, um peixe outrora abundante e acessível, agora transformado em iguaria cara e rara. Seus relatos sobre os perigos do rio, desde as cheias repentinas até os encontros com animais como o mero, trouxeram à tona uma realidade que, embora familiar, agora parecia distante.

    Encontrei também Duda, um atravessador de pescado, cuja insatisfação com a profissão e as dificuldades enfrentadas pelos pescadores refletiam a luta contínua pela sobrevivência em meio às mudanças ambientais e regulamentações cada vez mais rígidas.

    Enquanto refletia sobre as histórias compartilhadas por Palerma e Duda, percebi que a preservação do rio e de seu ecossistema era essencial para garantir não apenas a subsistência dos habitantes locais, mas também a preservação de um legado cultural e ambiental precioso.

    Piaçabuçu, com sua beleza natural e arquitetura histórica, enfrentava agora os desafios impostos pela modernidade e pela crescente pressão sobre seus recursos naturais. Contudo, nas palavras e memórias dos seus habitantes, permanecia a esperança de que, através do respeito e preservação, o Rio São Francisco continuaria a fluir como uma fonte de vida e inspiração para as gerações futuras.

Promessas Vazias e a Arte da Enganação: Reflexões sobre a Política em Penedo-Al

 



    O dia 1º de abril carrega um peso irônico no Brasil, marcado como o "Dia do Lula da Silva", ou o dia do "pinóquio brasileiro". É uma data que não passa despercebida, especialmente quando relembramos as promessas políticas que se tornaram mais fantasia do que realidade. A memória da última campanha eleitoral ainda ecoa, onde foram feitas promessas de picanha e cerveja, mas o que se entregou foi apenas abóbora. É como se Sócrates, o filósofo antigo, que já discutia sobre a mentira como política de Estado, e Maquiavel, que a defendia abertamente, encontrassem uma representação moderna nesse cenário político brasileiro.

    Na cidade de Penedo-Al, a arte de enganar os eleitores parece ser uma tradição arraigada. Já houve candidatos eleitos que prometeram um distrito industrial e a construção de uma ponte que ligaria Alagoas e Sergipe, sem qualquer fundamento real por trás das promessas. Em 2024, os pré-candidatos seguem o mesmo padrão, tentando convencer os eleitores com promessas vazias. No entanto, a era da internet como um espelho implacável, expondo as mentiras com fotos manipuladas e histórias desmentidas. Agora, as promessas giram em torno da recuperação do Saae e da construção da tão sonhada ponte, mas o ceticismo paira sobre os habitantes de Penedo, que já viram esse ciclo de promessas e decepções se repetir vezes demais.

    É natural torcer para que as promessas se tornem realidade e tragam melhorias para a comunidade. No entanto, a verdadeira preocupação reside na perpetuação da oligarquia, onde as mesmas figuras políticas parecem estar sempre no poder, independente das promessas não cumpridas. O povo de Penedo anseia por mudanças reais, porém, até o momento, só testemunharam as mudanças de cadeiras entre os mesmos políticos, que se acostumaram a usar a falta de verdade como ferramenta para manipular os eleitores. Que o futuro traga não apenas promessas, mas ações concretas e verdadeiras transformações para essa comunidade.


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